Se o vento me falasse, que histórias contaria? Se os seus uivos feroses se tornassem compreensíveis para o meu ouvido, que aprenderia? Será que me falaria das curvas do Mundo? Dos altos e baixos? Dos pormenores escondidos? Será que me revelaria a perfeita harmonia do movimento universal, onde o mais pequeno movimento determina cada acção que condiciona todo o Mundo?
Se as rochas ganhessem voz, rebelariam-se contra a força do mar? Ensinar-me-iam a manter-me firme na minha posição apesar de toda a gente me forçar a fazero contrário? Como gostava de saber esse seu segredo de determinação inabalável. Essa força de se oporem ao mais violento dos mares... De se erguerem contra a maior das ondas.
Se o teu olhar se tornasse límpido e transparente para mim, que descobriria sobre ti? AS coisas que mais ambicionas? Que mais desejas? Ou a fonte da enigmática felicidade que brota dele? A origem dessa cor que me cativa? Se o teu olhar me revelasse a tua alma que verdades descobriria?
Se tivesse essa conhecimento, esse saber da Natureza, tão perfeito. Se soubesse os segredos do Mundo, os teus segredos... que mais havia para descobrir, para imaginar?
Assim, escuto atentamente o rugido do vento tentanto entendê-lo...
Observo a imponência das rochas, firmes contra o mar...
Fixo o teu olhar...
Os mistérios são assim... Encantam-nos, apelam a nossa curiosidade, fazem-nos querer entendê-los... Mas se os desvendamos que teremos mais na vida?
(Porque há coisas que são como são...)